Bento Gonçalves recebeu, nos dias 11 e 12 de setembro de 2025, o Encontro dos Conselhos de Consumidores de Energia da Região Sul, realizado no Dall’Onder Grande Hotel. O evento reuniu conselheiros de todo o país, representantes das distribuidoras, órgãos de regulação e fiscalização, além de autoridades locais e nacionais, em torno de um objetivo comum: discutir caminhos para reduzir a conta de luz e garantir mais transparência e eficiência no setor elétrico. A iniciativa foi promovida pelo Conselho de Consumidores da RGE, presidido por Leodomar da Rosa Duarte, e pelo Conselho de Consumidores da CEEE Equatorial, presidido por Valdir Farias de Mattos.
Estiveram presentes o prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, o presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, e todos os palestrantes convidados. O deputado federal Hugo Leal participou de forma virtual e o presidente da ABRADEE enviou mensagem em vídeo, justificando a ausência.
Logo após a abertura, a RGE, representada pelo Diretor-Executivo Ricardo Dalan, apresentou os avanços em resiliência do sistema elétrico, destacando investimentos de mais de R$ 9 bilhões previstos até 2028, a substituição de 223 mil postes de madeira e a ampliação de religadores e subestações. Também relatou as ações emergenciais durante os eventos climáticos de 2023 e 2024, que mobilizaram drones, helicópteros, antenas Starlink e geradores, além do apoio social a famílias atingidas.
Na sequência, o Diretor-Presidente da CEEE Equatorial Riberto Barbanera mostrou o processo de reconstrução da empresa, que herdou passivos elevados e infraestrutura degradada, mas já aplicou R$ 2,1 bilhões em melhorias desde 2021. Relatou os impactos das enchentes de 2024 e os planos de substituição de 75 mil postes de madeira, automação da rede e investimentos em novas subestações até 2027.
O Tribunal de Contas da União, por meio do Auditor Chefe da AudElétrica Marcelo Leite Freire, apresentou auditorias sobre sustentabilidade tarifária, apontando riscos de subsídios excessivos, sobrecontratação e distorções em políticas de geração distribuída e autoprodução. Mostrou que a tarifa de energia no Brasil cresceu acima da inflação nas últimas duas décadas e anunciou o desenvolvimento, em parceria com ANEEL e CONACEN, de uma ferramenta digital para engajar consumidores no acompanhamento da conta de luz.
O Instituto Acende Brasil, representado pelo Presidente Claudio Sales, chamou atenção para os subsídios setoriais que alcançam R$ 49 bilhões em 2025 e criticou a desgovernança institucional, com interferências políticas que fragilizam a ANEEL. Defendeu maior independência regulatória e previsibilidade para reduzir a pressão sobre a tarifa. O painel teve como mediador o Conselheiro Thômaz Nunnenkamp, com a participação da Presidente do CONACEN, Rosimeire da Costa, do Presidente da Frente Nacional dos Consumidores, Luiz Eduardo Barata, do representante do TCU, Marcelo Freire, do Gerente de Regulação do Grupo CPFL Energia, Márcio Roberto, e do Diretor de Regulação do Grupo Equatorial, Cristiano Logrado.
Os Conselhos da RGE e da CEEE apresentaram suas ações. A RGE destacou o projeto Liga Certo, voltado à capacitação de eletricistas, a iniciativa nas escolas para conscientização infantil e o aplicativo Conecta Conselho, que profissionaliza a gestão dos colegiados. Já a CEEE mostrou o fortalecimento da presença junto às comunidades, com reuniões descentralizadas e workshops técnicos para profissionais do setor.
Em seguida, os Conselhos das pequenas distribuidoras compartilharam experiências. O CONCEED, de Ijuí, ampliou a comunicação com campanhas digitais que já alcançam mais de 100 mil pessoas. A Mux Energia, de Tapejara e Ibiaçá, apresentou seu histórico de excelência no atendimento e ressaltou os dez prêmios consecutivos no índice de satisfação da ANEEL. Já a Eletrocar, de Carazinho, destacou investimentos em subestações e transformadores reserva, além da regularização do uso de postes, gerando receita extra.
Na sequência, Jorge Trinkenreich, da Arpoador Energia, apresentou a análise sobre a expansão da oferta de energia elétrica no Sul do Brasil. Destacou que o Rio Grande do Sul possui grande capacidade instalada de eólica e solar, mas sofre com forte intermitência, gerando necessidade de fontes firmes e flexíveis. Mostrou que a região tem déficit médio de cerca de 2 GW, dependendo da importação de energia do Sudeste. Defendeu a realização de leilões regionais de capacidade, a valorização das térmicas a gás natural e soluções locais de armazenamento e hidrelétricas, como medidas estratégicas para garantir segurança energética e reduzir a dependência externa. A mediação do painel ficou a cargo do Conselheiro Ruy Augusto da Silveira Neto, com a participação dos Presidentes Leodomar e Valdir, do Presidente do Conselho da Enel Ceará, Antônio Erildo Lemos Pontes, do Conselheiro da Equatorial Pará, Carlindo Lins, e da Conselheira da Roraima Energia, Amanda Lia Torquato.
A ANEEL, representada pelo Gerente de Solução e Conflitos – SMA, Alex Cavalcante Alves, reforçou os mecanismos de participação social, como as resoluções que tratam dos direitos dos consumidores e dos Conselhos, a Ouvidoria Setorial, o aplicativo ANEEL Consumidor e o Prêmio de Satisfação. Anunciou ainda a criação de uma premiação específica para Conselhos de Consumidores.
Outros painéis completaram a programação, como o do CONACEN, que apresentou dados sobre o peso dos subsídios tarifários, e o do CONSELPA, que propôs a criação de um seguro obrigatório contra desastres climáticos.
O encontro foi encerrado com a leitura da proposta de emenda à MP 1304/2025, que trata da racionalização dos subsídios da CDE. Após debate, ficou definido que o documento será aperfeiçoado e seguirá em tramitação, tendo sido aprovado por aclamação pelos conselhos presentes.
